sexta-feira, abril 16, 2010

Regresso a casa

Enquanto caminhava em direcção a casa, pensava no banho quente que iria preparar. De repente, começou a chover torrencialmente e nem a corrida afogueada e extenuante a salvou de abrir a porta já com o cabelo a pingar. Do outro lado, alguém esperava impaciente o elevador.
Os seus olhos cruzaram-se. Não se viam desde daquela tarde em que Letícia o tinha deixado sentado numa cama abandonada. Ricardo esforçou-se por parecer descontraído, ia visitar o amigo de longa data que tinha na casa em frente à de Letícia. 
- Olá - disse-lhe num tom nervoso indisfarçável.
- Ah olá, Ricardo! - foi a resposta serena e aparentemente inabalável da encharcada Letícia.
Entraram os dois no elevador, o espelho embaciou-se: ela tinha chegado com a chuva na roupa e o calor na pele. Ele tentou manter a respiração compassada e calma. Sentia as mãos dormentes e uma vontade absurda de lhe agarrar na cintura e lhe largar beijos no pescoço.
Letícia aproximou-se da porta, Ricardo aproximou-se dela sem lhe tocar, sussurrou-lhe ao ouvido. Ela estremeceu, não pelas palavras que ouviu mas pelo pulsar dos lábios tão próximos do seu pescoço.
Virou-se, repentinamente, e surpreendeu-o com um beijo que o encostou a um dos cantos do elevador. As portas abrira-se quase no mesmo minuto e ela saiu sem olhar para trás. Foi rápida a abrir a porta de casa e entrou. Respirou fundo. "Ainda bem que não passou disto" pensou. Pouco depois ouviu a campainha da porta da frente e os cumprimentos dos dois amigos. Perguntou-se se o Miguel saberia de alguma coisa sobre ela e o Ricardo, afinal de contas eles eram tão amigos...




1 comentário:

BC disse...

mesmo beijoqueira essa leticia "Sentia as mãos dormentes e uma vontade absurda de lhe agarrar na cintura e lhe largar beijos no pescoço" been there :D