sábado, outubro 13, 2007

Cap. 31

Letícia ouviu a campainha tocar duas vezes. Largou a roupa que estava a arrumar e dirigiu-se à porta. Abriu-a lentamente e espantou-se.

- Olá - Disse Miguel com simpatia.

Ele está ainda mais bonito que da última vez pensou Letícia, no entanto a afastou estes pensamentos rapidamente e respondeu:

- Olá, entra...

- Não, deixa estar, só venho fazer-te um convite.

Um convite?hum...o que é que ele quererá?

-Ah sim? Então, de que se trata?

-Vens jantar fora comigo, hoje.

-Desculpa? Isso não me pareceu um convite....

Ele pegou-lhe na mão e aproximou-se para lhe sussurrar ao ouvido: "não aceito um não como resposta".
Ela sentiu o tom de desafio e, sem saber porquê, gostou.

-Às 8h venho buscar-te.

Piscou-lhe o olho e ela viu-o desaparecer atrás da porta da frente.


Tudo aquilo era estranho, nunca tinha saído com ele. No entanto, às 8h estava dentro do vestido preto sem saber o que pensar. A campainha soou. Ela abriu relutante e viu o Miguel que ela conhecia de blazer e extremamente apetecível. Seguiu com ele para o restaurante sem fazer objecções.
O jantar correu sem tumultos e pela primeira vez conversaram como bons amigos. Depois da refeição foram a um café e por entre risos e palavras soltas ele disse-lhe:

-Hoje vou roubar-te um beijo.

Ela sorriu e, não sabia se era do vinho branco ao jantar, estava a adorar cada momento.
Chegou a altura de ir para casa. Ele acompanhou-a à porta, esperou que ela a abrisse e disse:

-Gostei muito da noite...

-Eu também!- disse ela com um sorriso constante, viu-o despedir-se e dirigir-se à porta dele.

-Não te falta nada? - ela não podia aceitar que acabasse assim, só assim.

Ele virou-se, desenhara um sorriso maroto no rosto. Voltou para perto dela e pousou languidamente a sua mão na cintura bem delineada de Letícia. Inclinou-se com a certeza de que ela não resistiria.

Os seus lábios tocaram-se e as sensações que este toque provocou foram mais intensas do que ambos previram. Ele puxou-a para si com a vontade e o desejo na ponta dos dedos. Queria tocá-la, saboreá-la, sentir cada centímetro de pele estremecer de prazer nos seus braços. E sentir os seus lábios entre os dela, as línguas perdidas numa líbido quase incontrolável, tornava aquela situação difícil de aguentar.
Letícia sentiu que Miguel a conduzia para o quarto entre beijos sôfregos e gulosos.
Com suavidade, Miguel fez deslizar o vestido preto até ao chão, as suas mãos puderam assim deliciar-se com a pele que antes estava escondida.
Inesperadamente Letícia obrigou-o a deitar-se de costas na cama, trepou para cima dele, colocando estrategicamente o seu joelho entre as pernas dele, provocando-o. Aquela sensação de poder agradava-lhe.E era claro que ele também estava a gostar...

sábado, setembro 15, 2007

Parte XXX -30-

Na viagem de regresso vi-a morder, sub-repticiamente, o lábio inferior por duas vezes.

Não conseguia parar de a imaginar a caminhar languidamente na minha direcção.

- Não queres revelar nada sobre a surpresa?...Nem uma pequena pista?

- Nadinha...depois vês!

Quase tive que me conter para não exagerar na velocidade. Quando chegámos deixou-me abrir a porta e encostou-me à parede beijando-me com sofreguidão, as mãos a segurarem-me firmemente contra o espelho do hall de entrada.
A partir dali já sabíamos o que se ia passar...mas, subitamente, conduziu-me e atirou-me para o sofá da sala.

- Esperas vinte segundos?

- Vão parecer uma eternidade!...

Ela lançou-me um olhar maroto e sorriu. Fiquei a apreciar o balanço das suas ancas inebriado pela sua sensualidade...Sem saber o que fazer mantive-me na mesma posição até ouvir os seus passos ritmados a aproximar-se do sofá.

Ao levantar os olhos não estranhei a sensação de novidade, por muito que olhasse para o belo pijama o meu espanto não diminuía. Mas ainda assim havia algo de diferente, pela primeira vez aquela mulher à minha frente não me fez lembrar a verdadeira dona do pijama, sentia o meu pensamento afastado da Letícia e isso fez-me sentir bem.


Talvez fosse pelas meias de liga e os saltos altos...apesar de achar que não condiziam com o indecente pijaminha dava-lhe um toque estranhamente sensual, como se ainda houvesse muito para mostrar...e havia.

Levantei-me e quis tocar-lhe, acariciar-lhe a pele suave e fazer deslizar o algodão azul até ao chão. Porém, a Ana afastou-se de mim e fez-me um gesto para que me voltasse a sentar. Obedeci sem perguntas, recostei-me...e fiquei a vê-la despir o maldito pijaminha que já na carpete me soube revelar o tão esperado segredo. Uma lingerie preta em perfeita sintonia com o resto dos acessórios. Paralisei. Esqueci por completo toda a magia que um dia tinha reconhecido naquele pijama. O resto seguiu-se como eu tinha imaginado...ou talvez de forma ainda mais intensa.


E na manhã seguinte havia aranhões superficiais na minha pele e um chupão bem marcado no meu pescoço. E quando, ao passar pela sala, olhei para o pijaminha senti que era hora de ser devolvido.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Parte XXIX

Com toda a coragem que conseguiu reunir pegou no telemóvel. O gesto já fora repetido tantas vezes que nem pensou, das outras vezes tinha desistido antes que do outro lado o telefone tocasse. Desta vez não, iria até ao fim.

- 'tá? Olá...estás boa?

- Sim, e tu?

A voz dela estava fria e a dele trémula. Já esperava agressividade da parte dela, mas nunca previra o tom de desilusão que sentia naquela voz que já lhe sussurrara ao ouvido tantas vezes...Continuou apesar de todos os pensamentos lhe negarem a coragem.

- Estou bem...olha, queria explicar o que se passou no outro dia...

- Estás à vontade!

Ela provocava-o sem piedade. Era por estas atitudes que Letícia sempre fora um desafio para ele.

- Desculpa...não queria magoar-te ou ofender-te, de maneira nenhuma! Mas naquele dia eu estava extremamente cansado...não ia ser o mesmo, não conseguiria dar-te o melhor de mim...e tu sabes que não estás habituada a ter o mediano...

Desarmei-a, pensou. Pode ser que não faça muitas perguntas e que se contente com esta explicação. No fundo sabia que ela nunca iria acreditar naquilo, mas mesmo assim não desistiu.

- Hum...para a próxima lembra-te que tu até poderias ser "mediano" mas eu poderia ser extraordinária. Não tenhas tanta sede de protagonismo, 'tá?

A resposta não se fez esperar, seca. Ele forçou uma gargalhada e concordou tentanto fugir ao assunto.

Quando desligou o telemóvel ficou com a certeza que era ele que estava errado, ela podia de facto ser ainda melhor sem o pijaminha por perto...não tinha forma de saber, nunca experimentara! Sorriu para si e prometeu mentalmente nunca voltar a cometer tal erro.

quinta-feira, julho 26, 2007

Tentação ( parte XXVIII )


Os olhos impecavelmente delineados a preto, as pestanas estendidas pretensiosamente na ponta das pálpebras, o verde espraiado na retina que me fitava. E sorria, aquele sorriso de quem sabe os estragos que provoca…tinha a pele beijada pelo sol, os ombros escuros e dourados, os lábios carnudos mas sem baton. O cabelo…ah! O cabelo caia-lhe em cascata pelos ombros e costas, as ondas negras conduziam ao decote generoso. Uma perdição e eu estava a ficar desorientado. Nunca a tinha visto assim, tão linda. Não a vira vestir-se por isso era uma surpresa redobrada vê-la tão produzida para mim..só para mim. Aquela mulher era uma tentação, a minha tentação.

E de repente lembrei-me da Letícia, ela nunca faria isto. Lembrei-me dos ombros morenos dela nos nossos tempos de adolescentes, os mergulhos divertidos na piscina municipal.

A Ana tocou-me na mão e fez-me voltar a realidade, pediu-me ajuda para escolher o menu e depois de ter falado com o garçon, virou-se para mim.

- Hoje tenho uma surpresa para ti.

- Uma surpresa? Hum…Não queres dar-me uma pista?

- Não…vais esperar até logo.

Sentia o coração bater mais forte só de imaginar a noite escaldante que se avizinhava. Não consegui parar de a visualizar com o pijaminha azul indecentíssimo a caminhar na minha direcção, os saltos ainda calçados. Tinha casado com uma mulher lindíssima.

Conheci a Ana na faculdade depois de ter acabado uma relação acalorada com a Letícia…E a Ana soube apagar tudo o que ainda me prendia à desafiante Letícia, ou pelo menos soube esconder tudo o que eu sentia ainda por ela.

Mas acabei por encontrá-la, sete anos mais tarde, quando fui a casa dum cliente. Era vizinho dela, fiz o possível e o impossível para que ela não me visse quando me apercebi de que era ela. O seu vizinho Miguel é neto de um velho magnata muito rico e o seu avô pediu-lhe ajuda com o testamento, queria um advogado para tratar das coisas. Mas numa das visitas que lhe fiz toquei no assunto da bela vizinha e fiquei ali, petrificado, a ouvir tudo o que ele sabia, sentia e queria dela. Nesse momento senti a inveja roer-me os órgãos internos mas aguentei-me…foi só quando ouvi falar no pijaminha que tive a certeza que ele teria de ser meu!...talvez para que também ela voltasse para mim.

Mas um misto de arrependimento e pena apoderou-se da minha mente naquela noite, a mulher que eu tinha escolhido para mim estava impressionantemente linda e eu ia aproveitar cada segundo. Já previa a continuação daquele jantar na minha cabeça, já quase era capaz de ouvir os gemidos dela, de sentir as suas unhas suaves deslizarem inconscientemente pelas minhas costas, já quase sentia os seus dentes cravados no meu ombro num culminar de sensações de prazer…Ela merecia-o e eu também.

Quando saímos do restaurante não conseguia pensar noutra coisa…foi quando reparei que, reflectida no tejadilho do carro, estava uma lua impecavelmente cheia.

Sabem o que dizem sobre a libido das mulheres em noites de lua cheia, não sabem?

domingo, julho 22, 2007

Parte XXVII

E agora?

Como dizer-lhe que tinha perdido o desejo...não, também não era assim...ela é tudo de bom...fico louco só de pensar naquele corpo...

Mas é difícil explicar, sem o pijama azul com ela, sinto-a tão vulgar....e naquela noite não quis levá-la para a cama porque não quis fazê-lo como uma obrigação, sei bem que não ia ser o mesmo, nem sei bem como tenho a certeza disto, mas tenho. O problema é que não há forma de lhe explicar isto, de a fazer perceber que gosto dela, mas que o pijaminha que ela tinha lhe dava um sabor diferente, exótico, irresistível...e que eu preciso disso para continuar a manter a chama acesa...

Amanhã ligo-lhe.

segunda-feira, julho 16, 2007

O número para o qual ligou não se encontra disponível. Deixe a sua mensagem após o sinal.


Estou?...Olá. Sou eu. Tudo bem? Bem, liguei para saber como estavas, não entendi o que se passou na outra noite, estavamos a ir tão bem e de repente foste-te embora. Tenho saudades tuas sabes?!Nossas...
Hm. Liga-me então quando... quiseres ver-me. Beijo.


E desliguei.

terça-feira, maio 29, 2007

Blog com Tomates


O blog O Avesso dos Ponteiros ofereceu-nos o prémio blog com tomates! isn't it cool?? obrigado!!!


Agora nós, suponho que estes serão as escolhas mais óbvias, mas colegas de blog se estiver errada censurem-me!!


Camisinha Xocolatxi


Horas e Horas


Pacote 33


Eu também falo com a Eliza


Empanicados


=)

segunda-feira, maio 07, 2007

Parte XXV

04h00, Casa da Letícia

Ela está sentada no chão da sala, o corpo encostado ao sofá azul. A mente cansada e confusa divaga...lembra momentos tórridos de uma noite sem fim.

Todo o clima de sedução, a música a funcionar como íman e a aproximar os corpos quase involuntariamente. O ritmo a sugerir movimentos sensuais...



Era uma noite como as outras, ela tinha saído para se divertir sem pensar em encontrar alguém que lhe aquecesse a alma e o corpo. Mas ele estava lá, o vizinho com quem já não falava há tanto tempo.



Aproximou-se como um desconhecido e sussurrou-lhe um “olá” familiar ao ouvido. O toque da sua respiração no pescoço dela foi o bastante para lhe provocar uma reacção acesa pelo corpo todo. Dançaram como cúmplices do pecado que inconscientemente já sabiam que iam voltar a cometer.



As mãos dele deslizavam com astúcia pela cintura dela e revelavam a arte de quem conhece a força do desejo. Os lábios sensuais encostados à pele quente e delicada do seu pescoço...e ela lembra os seus lábios sequiosos e palpitantes de cada vez que o calor dos corpos unidos a fazia querer mais.



Toques, beijos...como se fosse a primeira vez que se encontravam.



Mas havia algo de diferente, algo que faltava. Ao chegarem a casa, o desejo dos dois sabia o rumo a tomar...No entanto, ao entrarem em casa dela, ele parou-a e sem grandes explicações disse que não conseguia e desapareceu atrás da porta de sua casa.



Letícia revolvia as memórias sem saber o que pensar. Sem dar conta e sem perceber porquê lembrou-se de que alguém lhe tinha roubado o seu pijama mas não acreditou que tinha sido ele.

domingo, maio 06, 2007

A primavera chegara por fim e acordara-lhe os sentidos.
Ele ficara estranho contudo.
Desde essa fatídica noite de escaldantes roços no tapete quente da sala, ele parecia evita-la... O receio do toque, o beijo frio a medo, os olhares comprometedores como se a olhasse pela primeira vez, distante, diferente.
Tentara iniciar diversas conversas que lhe descortinassem o porquê daquele espírito inquieto agora, tanto tempo depois, mas os seus olhos fugiam dos dela, como se lhe furassem uma alma que ele julgava estar corrompida até ao final dos seus tempos...
Ela dava voltas em casa, sozinha, às escuras, pensando e repensando o poderia ter feito de mal. Ele uivara de prazer quando ela o segurara firme com ambas as mãos, derretendo-se por inteiro sob um corpo moreno e pouco sereno. O seu sexo pulsara nas suas mãos e ela sabia que determinara assim a velocidade, a intensidade, a profundidade do bater daquele coração.
Ainda que de uma forma rude e grosseira, pouco romântica ou idílica, ela determinara o seu ritmo, fazendo-o gemer e contorcer-se, deixando-o expôr-se a seu bel prazer...
Tal tenha sido isso, pensou, sentiu-se invadido, violei o seu espaço sexual, exigi demasiado...
Não exigira. Mas quem se daria agora era ela, expondo-se, fazendo de si marioneta de um prazer bruto e fero, que chegaria pelas 21, vindo do escritório.