quarta-feira, abril 16, 2008

Entrou de mansinho na casa adormecida. O aroma a refogado passava já da porta e não se espantou por encontra-la aberta. Melhor, pensou, menos esse constrangimento.
Ninguém a esperava ou surgira para a receber. A comida, a apurar em lume brando, acelerava as paixões que fervilhavam em ambas as divisões. A mesa estava posta para dois, o vinho verde gelado suava ao calor que as velas vermelhas emanavam ao seu lado. Olhou-se no espelho e sorriu de satisfação. Era uma mulher bonita. Ao som da música que tocava baixinho descreveu movimentos sensuais com o corpo ondulante, como quem faz amor consigo mesmo. Sentia-se bem. Sentou-se na cadeira que lhe estava destinada, e aguardou.

Chegaste pouco depois, de barba por fazer [sabes bem, Miguel] e camisa meio aberta, deixando a descoberto o peito que o teu coração fez crescer. Trazias uns calções de Verão, revi-te na esplanada comigo, tardes de verão e marisco, eu a rir e cascas no meu cabelo. Tu rias também, tiravas-mas e roçavas a mão suja pelo meu rosto. Riamos os dois, idiotas apaixonados, ou assim queríamos crer...

Sentados à mesa, o vinho levou o embaraço, trouxe o riso solto e sincero. O cabelo ondulado dela brilhava mais com ele por perto, e não podia deixar de o tocar, de se tocar quando ele era a pessoa que lhe devolvia o sorriso para lá da mesa.
Aos poucos, poucos mais de dois centímetros, um, nenhum intermediavam aqueles dois. Os seus lábios carnudos tocavam o pescoço dela e a sua barba de três dias [bem sei que é assim que gostas] chamavam arrepios que ela tentava esconder. As mãos dela tocavam-lhe as coxas, apertavam-nas ao ritmo dos beijos dele que lhe desciam agora pelo decote.
O comer arrefecia nos pratos, o vinho há muito que acabara e a roupa de Letícia aproximava-se perigosamente do chão da sala. Já no sofá, arfavam os dois, amantes inconfessáveis e eternos [como me livro de ti, Miguel? Faz-me não gostar de cada beijo, conseguir não caber no teu abraço…] mas ela mascarava bem as dúvidas que lhe assolavam o coração e tomou a dianteira. Trepou-lhe o corpo moreno e delineado e beijando-lhe o peito fez descer a camisa até ao chão. Agilmente escorregou a mão em direcção ao pecado e com um só movimento desapertou-lhe o cinto e o botão dos calções. Visivelmente inebriado, Miguel tenta alimentar o desejo daquela fogosa mulher. Inverte a situação saltando-lhe para cima e arrancando-lhe a blusa que escondia os mais bonitos e reais seios em que já tocara. Ela, arrepiada, fazia-o subir e descer ao ritmo da sua respiração ofegante de prazer. Suada ficava mais bela, [és tão linda, não tens noção…] faces ruborizadas com a mão dele entre as suas pernas, não se inibia de soltar um gemido. Despidos de roupa, medos, memórias de um passado recente em desilusão e saudade, tremiam em síncope de misto de dor e prazer entorpecidos pelo calor que provocavam juntos. Ela, de novo por cima, balançava as suas ancas para a frente e para trás, num movimento febril e compassado, e pegando nas mãos deles pousa-as sobre o seu peito. O seu coração batia veloz, à medida que ela aumentava o ritmo, acelerava o passo. E balançava, portentosa, dona de si, mulher de paixões, à medida que os dedos de Miguel lhe vincavam a cintura, cerrados pelo tamanho deleite.
Assim se mantiveram, escravos do prazer até que o corpo humano cedeu, até que Miguel se deu. E deitados, esgotados, foram reacendendo uma paixão difícil de controlar, nas cinco vezes seguintes que, naquela mesma noite, se tornaram, fisicamente, um só…

5 comentários:

Anónimo disse...

Guiaram-me para este canto obscuro da web, certamente inconscientes do peso que a minha idade já pesa neste corpo frágil [vá lá Quedas, tu sabes que aguentas]. Com os óculos embaciados e a mão a tremer, passei a superfície levemente oleosa do meu indicador direito pelo rato [Quedas seu porco imund... ah não, esquece, podes continuar] procurando saber que raio ia fazer Miguel com os seios de Letícia... Agora já sei, a curiosidade, efervescente e quente, tomou conta do meu ser, pegando no meu coração e fazendo-o bater num ritmo galopante... até parar. Eu disse que estava velho demais para estas coisas...

Quedas "O Morto"

Ps: muito obrigado...

Anónimo disse...

Bah...Femininismo xD

foi ele que cedeu ;p
bahh..

acho que ressusciatste um morto ;)

T. disse...

"Trepou-lhe o corpo moreno e delineado e beijando-lhe o peito fez descer a camisa até ao chão."

hum gostei desta parte!

BOA bekas!!! epah mas 5 vezes?! eu acordava e n era capaz de me levantar - ficava só com um sorriso parvo na cara e sem forças =X ms TA BOUA!!! =)

Nuno Aguiar disse...

Havia uma sitcom na rtp2 (com um chinês que tá agora um filme sempre a fumar brocas) e com um gajo do american pie (o que come sempre a mãe do outro), em que um episódio inteiro é dedicado ao facto dele ter alcançado o bonito número 5! Dito assim parece bem, o problema é conseguir manter a barra (das expectativas!!!) elevada!

O gajo deve ter ficado a pesar menos 2kg e todo chupadinho (salvo seja). E a gaja mais assada que um exemplar do Rei dos Frangos.

Assim termino o meu périplo pelos blogs de CC =)

***

PS: périplo está bem escrito não tá?

Anónimo disse...

Atenção que 5 é exequível...

Até 10!!

Grande texto, grande blog!!